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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 31 de julho de 2023

A ARMADURA DO REI D. MANUEL I, UM ARNÊS DE NICCOLÒ SILVA, MILÃO


Armadura do Rei D. Manuel I (1496-1521), um arnês de Niccolò Silva, Milão, c. 1510-1515

A armadura dita de D. Manuel I é uma peça elaborada pelo mestre armeiro milanês Niccolò Silva (doc. entre 1511-1549). É um dos únicos quatro conjuntos sobreviventes atribuíveis a este armeiro, todos eles reunidos no Musée de l’Armée, em Paris.

Este conjunto é, na verdade, uma garnitura, ou seja, uma armadura com peças adicionais e adaptáveis a uma tipologia variada de usos, desde o combate de campo à participação nas lides cavalheirescas (torneios, jogos militares e equestres, ou paradas). Apesar do fabrico italiano, o conjunto apresenta algumas influências alemãs, recorrentes neste período de confluências na armaria europeia. Além da moldagem exemplar do aço, a armadura está profusamente decorada com gravações, muitas das quais feitas a ouro. Particular destaque deve ser dado aos coxotes, nos quais se retratam vários episódios religiosos e mitológicos, muito ao gosto do Renascimento italiano. Não obstante as substituições e alterações que lhe foram sendo feitas ao longo do tempo, estamos perante um conjunto razoavelmente uniforme, um “testamento em aço” da mestria dos armeiros milaneses em época de transição para novos modelos de armamento defensivo.

A ligação entre esta armadura e o rei D. Manuel I é estabelecida através da esfera armilar, o símbolo único e inconfundível do monarca, que se encontra gravada nos coxotes. Não se sabe se esta marcação decorre de ter sido pertença pessoal de D. Manuel I ou se de uma oferta sua, sem dúvida de grande relevância. É também um mistério o percurso histórico da peça até à sua incorporação no Musée de l’Armée. Sabe-se que a armadura (ou arnês) estava elencada no inventário da colecção privada do colecionador francês Georges Pauilhac, adquirida pelo Musée de l’Armée, entre 1958 e 1964, em grande parte constituída por antigas colecções ibéricas (a colecção Estruch y Cumella de Barcelona, por exemplo).

Os motivos da sua provável saída de Portugal são desconhecidos. Podem, porém, apontar-se, enquanto possibilidades: ter sido levada no período filipino, à semelhança de outras obras importantes; as depredações ocorridas nas Invasões Francesas; ou, ainda, a subsequente venda de peças do Arsenal Régio, consideradas obsoletas, no rescaldo das Guerras Liberais. Perdurando estas incógnitas, fica-nos, no entanto, este belíssimo conjunto de lavra italiana com laivos germânicos, reflexo do cosmopolitismo luso do século XVI. 

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