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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 20 de julho de 2023

EM 20 DE JULHO DE 2012 MORRIA O PROFESSOR JOSÉ HERMANO SARAIVA

José Hermano Saraiva, de seu nome José Hermano Baptista Saraiva, * Leiria, Leiria, 03.10.1919 - † Setúbal, Palmela, 20.07.2012, era filho de José Leonardo Venâncio Saraiva (*1881) e de D. Maria da Ressurreição Baptista (*1883).
José Hermano Saraiva foi advogado, historiador, professor liceal, político, diplomata, divulgador e comunicador televisivo português. Ocupou o cargo de Ministro da Educação entre 1968 e 1970, num período conturbado da vida política nacional. É descrito frequentemente como o Príncipe dos Comunicadores pelo seu trabalho em prol da História, da Cultura, da Literatura e da Televisão, de acordo com a homenagem póstuma prestada na Assembleia da República Portuguesa.
Biografia:
José Hermano Saraiva nasceu e viveu até ao início da adolescência em Leiria, onde chegou a frequentar o Liceu Rodrigues Lobo. Por volta dos 12 anos mudou-se para Lisboa, onde prosseguiu os estudos no Liceu Passos Manuel (o seu pai fora então nomeado reitor deste Liceu). Findos os estudos secundários, ingressou na Universidade de Lisboa. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras, em 1941, e em Direito (Ciências Jurídicas), na Faculdade de Direito, em 1946.
Hermano Saraiva iniciou a sua vida profissional como professor do ensino liceal, actividade que viria a acumular com o exercício da advocacia. Foi professor do Liceu Passos Manuel e do Liceu Gil Vicente, ambos em Lisboa, e do Liceu da Horta, na ilha do Faial, nos Açores. Em seguida foi nomeado director do Instituto de Assistência aos Menores e reitor do Liceu D. João de Castro (1965). Também leccionou no ensino superior, como assistente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, actual ISCSP.
Depois de ter desenvolvido uma carreira política, na fase final do Estado Novo, José Hermano Saraiva tornou-se numa figura apreciada em Portugal, bem como junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, pelos seus inúmeros programas televisivos sobre História de Portugal, retomando uma ligação que iniciara com a RTP em 1971. Portador de uma enorme capacidade de comunicação, tornou-se igualmente numa figura polémica, porque a sua visão da História de Portugal tem sido, por vezes, questionada pelo meio académico.
Nos anos 1980 voltou a leccionar, como professor convidado na Escola Superior de Polícia (actual Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna) e na Universidade Autónoma de Lisboa.
Foi ainda membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Portuguesa da História e da Academia de Marinha, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no Brasil e Sócio Honorário do Movimento Internacional Lusófono.
Ficou classificado em 26.º lugar entre os cem Grandes Portugueses, do concurso da RTP1.
Tendo falecido a 20 de Julho de 2012, contando 92 anos de idade, em Palmela, onde residia, foi homenageado posteriormente com um voto de pesar e um minuto de silêncio pela Assembleia da República, o qual foi aprovado com os votos a favor do PSD, PS e PP, e os votos contra do PCP, PEV (CDU) e BE.
Durante a sua vida reuniu uma colecção de arte ecléctica, composta por objectos arqueológicos, esculturas, talha e pinturas de cariz religioso, sobretudo dos séculos XVI e XVII. Em Março de 2018 a colecção foi leiloada, tendo atingido o valor total de 700 mil euros.
Actividade política:
Apoiante do Estado Novo, foi um dos primeiros inscritos na Mocidade Portuguesa; mais tarde, foi secretário-geral e relator da Comissão Executiva do II Congresso Nacional da Mocidade Portuguesa. Também foi director da Campanha Nacional de Educação de Adultos (1959), onde ingressara em 1955. Nessa organização iniciou, com a colaboração de Baltasar Rebelo de Sousa, uma edição de livros didácticos de carácter geral (cujas tiragens chegaram a dois milhões) em prol da população já alfabetizada mas sem acesso à cultura.
Foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa para a Cultura durante o mandato de António Vitorino da França Borges, deputado à Assembleia Nacional entre 1957 e 1961, procurador à Câmara Corporativa (1965-1973) e Ministro da Educação. Durante o seu ministério, entre 1968 e 1970, enfrentou um dos momentos mais conturbados da oposição ao Salazarismo, com a crise académica de 1969.
Em 1971, um ano depois de ser substituído por Veiga Simão no governo, foi exercer o cargo de embaixador de Portugal no Brasil, que exerceu até ao 25 de Abril de 1974, tendo-se deslocado para o seu novo cargo numa embaixada flutuante a bordo do navio Gil Eanes, o qual mais tarde salvou da destruição através dum apelo feito num dos seus programas.
Família:
Quarto filho de José Leonardo Venâncio Saraiva (1881-1962), um professor do ensino secundário, agnóstico e de formação positivista; e de sua mulher (casados em Lisboa, em 8 de Novembro de 1913), Maria da Ressurreição Baptista (Leiria, 1883 - Lisboa, 1961), uma católica devota.
Casou a 23 de Dezembro de 1944 com D. Maria de Lourdes de Bettencourt de Sá Nogueira (16 de Maio de 1918 — 28 de Setembro de 2017), filha de Rodrigo de Sá Nogueira (1892-1978), professor de filologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e sobrinho-neto de Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, 1.º Barão de Sá da Bandeira, 1.º Visconde de Sá da Bandeira e 1.º Marquês de Sá da Bandeira, e de sua mulher (c. 20 de Novembro de 1915) Maria Luísa Rodrigues de Bettencourt. Depois de uma viagem memorável que incluiu uma demorada caminhada a pé na neve para atravessar a Serra da Gardunha, passou a lua de mel na aldeia das Donas, no concelho do Fundão, de onde era natural a sua família paterna. Tiveram cinco filhos: José, António, Pedro, Paulo e Rodrigo.
Era irmão do professor António José Saraiva, que chegou a ser militante do PCP, e pelo qual sempre nutriu uma profunda admiração, apesar das diferenças políticas, e tio do arquitecto e jornalista José António Saraiva. Foi também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista, militar centenário, (1895 — 2002, viveu até aos 107 anos) o último veterano português sobrevivente da Primeira Guerra Mundial.
Distinções e Condecorações:
Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (14 de Fevereiro de 1970)
Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (8 de Junho de 2012)
Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho (Brasil)
Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil)
Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
Obra:
Orações académicas editadas pela Academia das Ciências de Lisboa
Testemunho Social e Condenação de Gil Vicente (1976);
A Revolução de Fernão Lopes (1977);
Elementos para uma nova biografia de Camões (1978);
Proposta de uma Cronologia para a lírica de Camões (1981-1982|82):
Evocação de António Cândido (1988);
No Centenário de Simão Bolívar (1984);
A crise geral e a Aljubarrota de Froyssart (1988).
Trabalhos pedagógicos:
Notas para uma didáctica assistencial (1964);
Aos Estudantes (1969);
Aspirações e contradições da Pedagogia contemporânea (1970);
A Pedagogia do Livro (1972);
O Futuro da Pedagogia (1974).
Trabalhos jurídicos:
O problema do Contrato (1949);
A revisão constitucional e a eleição do Chefe do Estado (1959);
Non-self-governing territories and The United Nation Charter (1960);
Lições de Introdução ao Direito (1962-1963|63);
A Crise do Direito (1964);
Apostilha Crítica ao Projecto do Código Civil (1966);
A Lei e o Direito (1967).
Trabalhos históricos:
Uma carta do Infante D. Henrique (1948);
As razões de um Centenário (1954);
História Concisa de Portugal (1978), trad. em espanhol, italiano, alemão, búlgaro, chinês e polaco;
História de Portugal, 3 Vol. – Direcção e co-autoria (1980-1981);
O Tempo e a Alma, 2 Vol. (1986);
Breve História de Portugal (1996);
Portugal – Os Últimos 100 anos (1996);
Portugal – a Companion History (1997);
Para uma História do Povo Português
Outras maneiras de ver (1979);
Vida Ignorada de Camões (1980);
Raiz madrugada (1981);
Ditos Portugueses dignos de memória (1994);
A memória das Cidades (1999).
Programas de televisão:
Série: O Tempo e a Alma (RTP, 1971)[18]
Série: Gente de Paz (RTP, 1978)
Série: Coisas do Mundo (RTP, 1988)
Série O Acto e o Destino (RTP, 1980)
Série: A Grande Aventura (RTP, 1989)
Série: A Bruma da Memória (RTP, 1993)
Série: Se a Gente Nova Soubesse (RTP, 1993)
Série: Histórias que o Tempo Apagou (RTP, 1994)
Série: Lendas e Narrativas (RTP, 1995)
Série: Horizontes da Memória (RTP2, 1996/2003)
Série: A Alma e a Gente (RTP2, 2003/2011)
Notas biográficas:
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas (1941) e em Ciências Jurídicas (1942).
Ministro da Educação de 19.8.1968 a 15.1.1970.
Director do Instituto de Assistência aos menores.
Reitor do Liceu D. João de Castro.
Deputado à Assembleia Nacional.
Procurador à Câmara Corporativa.
Professor do Instituto de Ciências Sociais, Políticas e Ultramarinas da Universidade Técnica de Lisboa.
Embaixador de Portugal no Brasil, cargo de que solicitou a exoneração em 29.4.1974.
Historiador, investigador e autor.
(Fontes: Investigação de António Carlos Janes Monteiro, GeneAll e Wikipédia)


HISTÓRIA, GENEALOGIA e HERÁLDICA - António Carlos Godinho Janes Monteiro 


Passam 11 anos do seu desaparecimento e contudo ainda nos acompanha: os seus livros continuam a vender, a sua imagem continua a ser conhecida e os programas que ensinaram gerações continuam a ser transmitidos. Era simplesmente "o professor" - e talvez um dos poucos que merecia o título acima das vaidades.

Tinha um jeito natural de ser e uma harmonia calorosa no carácter. Foi durante décadas uma figura tão presente como aquele simpático familiar a quem sempre abrimos a porta. Ensinou-nos muito e despertou-nos a curiosidade. Sobretudo ensinou-nos a entender Portugal na sua dimensão secular e a descobrir os segredos mais profundos de um mundo imenso que se orgulha da identidade lusiada repartida pelos quatro cantos do mundo.

Hoje faz falta este tipo se compromisso com o ensino da história, um ensino livre de preconceitos e de ideologias. 

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