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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sexta-feira, 21 de julho de 2023

A VIDA DE CAMÕES EM MOÇAMBIQUE

 

Luís Vaz de Camões viveu durante 2 anos (1568 - 1570) na Ilha de Moçambique a custa de Pero Barreto Rolim, que vinha tomar posse da capitania da fortaleza de Sofala. Pensa-se que foi durante este período que o autor fez uma revisão final dos Lusíadas. Tendo integrado referências à Ilha na sua obra maior.
Hoje em dia podemos ainda visitar aquela que dizem ser a casa onde habitou Camões, que também foi uma feitoria de escravos no passado. Existe ainda uma estátua em homenagem ao poeta, perto da sua antiga residência.
De seguida alguns trechos dos Lusíadas, onde é mencionada a Ilha de Moçambique:
«Esta ilha pequena, que habitamos,
em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique.
«Os Lusíadas»I, 54 (...)
Que perto está uma ilha, cujo assento
Povo antigo cristão sempre habitou.
O Capitão, que a tudo estava a tento,
Tanto com estas novas se alegrou,
Que com dádivas grandes lhe rogava,
Que o leve à terra onde esta gente estava. (...)
O mesmo o falso Mouro determina,
Que o seguro Cristão lhe manda e pede;
Que a ilha é possuída da malina
Gente que segue o torpe Mahamede.
Aqui o engano e morte lhe imagina,
Porque em poder e forças muito excede
A Moçambique esta ilha, que se chama
Quíloa, mui conhecida pela fama.»
«Os Lusíadas» I, 98-99
Camões também imortalizou Gonçalo da Silveira, o Primeiro Mártir Católico de Moçambique:
"Vê do Benomotapa o grande Império,
De selvática gente, negra e nua,
Onde Gonçalo morte e vitupério
Padecerá, pela fé santa sua."
A convite, ou aproveitando a oportunidade de vencer parte da distância que o separava da pátria, não se sabe ao certo, em Dezembro de 1567 Camões embarcou na nau de Pedro Barreto para Sofala, na ilha de Moçambique, onde este havia sido designado governador, e lá esperaria por um transporte para Lisboa em data futura.
Os primeiros biógrafos dizem que Pedro Barreto era traiçoeiro, fazendo promessas vãs a Camões, de tal modo que, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou em precária condição, conforme se lê no registo que deixou: "Em Moçambique achamos aquele Príncipe dos Poetas de seu tempo, meu matalote e amigo Luís de Camões, tão pobre que comia de amigos, e, para se embarcar para o reino, lhe ajuntamos toda a roupa que houve mister, e não faltou quem lhe desse de comer. E aquele inverno que esteve em Moçambique, acabando de aperfeiçoar as suas Lusíadas para as imprimir, foi escrevendo muito em um livro, que intitulava Parnaso de Luís de Camões, livro de muita erudição, doutrina e filosofia, o qual lhe juntaram (roubaram). E nunca pude saber, no reino dele, por muito que inquiri. E foi furto notável. Ao tentar seguir de volta com Couto foi embargado em duzentos cruzados por Barreto, por conta dos gastos que tivera com o poeta. Os seus amigos, porém, reuniram a quantia e Camões foi liberado, chegando a Cascais a bordo da nau Santa Clara em 7 de Abril de 1570.
Depois de tantas peripécias, finalizou "Os Lusíadas," tendo-os apresentado em récita para o rei D. Sebastião. O rei, ainda um adolescente, determinou que o trabalho fosse publicado em 1572.

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