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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 31 de julho de 2023

♔ | EM 31 DE JULHO DE 1750 MORRIA EL-REI DOM JOÃO V DE PORTUGAL

 

El-Rei Dom João V, de cognome "O Magnânimo", foi o 24° Rei de Portugal. Teve um dos reinados de maior duração, entre 9 de Dezembro de 1706 (aclamado Rei a 1 de Janeiro de 1707) e 31 de Julho de 1750 – data da sua morte.

Nascido a 22 de Outubro de 1689, era filho do Rei Dom Pedro II de Portugal e de D. Maria Sofia de Neuburgo, e recebeu o nome de João Francisco António José Bento Bernardo. Dom João V casou a 9 de Julho de 1708 com a Arquiduquesa D. Maria Ana da Áustria, filha do Imperador Leopoldo I e irmã do imperador austríaco Carlos III, e, do consórcio matrimonial nasceram 6 filhos, entre eles os futuros D. José I e D. Pedro III.

Absolutista, durante o seu reinado as Cortes não reuniram uma única vez, talvez porque, como escreveu Marveilleux in «Memórias instrutivas sobre Portugal (1723/26)»: ‘El-Rei não ignora nada do que se passa, porque cada um tem a liberdade de se dirigir a informá-lo de tudo o que interesse ao bem do Estado ou interesse particularmente aos súbditos.’

D. João V seguiu uma política de neutralidade de Portugal em relação aos conflitos europeus da época, mas defendeu fortemente os interesses portugueses no comércio ultramarino, de que foi exemplo a criação da Companhia de Comércio com Macau, em 1710, e, a assinatura do Tratado de Utreque, em 1714, em que a França e a Espanha reconheceram a soberania portuguesa sobre o Brasil, cujas minas de ouro enriqueceram grandemente todo o Reino, isso possibilitou o envio a Roma da famosa Embaixada portuguesa chefiada pelo Marquês de Fontes. Mas, em 5 de Julho de 1717, Portugal participa na Batalha do Cabo Matapão com sete naus de guerra, com 526 canhões e 3840 soldados, ao lado das esquadras papal, veneziana, florentina e maltesa, vencendo a armada turca que que acossava Itália e ameaçava todo o Mediterrâneo.

O seu reinado foi um período de grande engrandecimento cultural destacando-se: fundação da Gazeta de Lisboa, em 1715; em 1722, da Real Academia Portuguesa de História; e a introdução da ópera italiana, em 1731. D. João V estimulou, também, o desenvolvimento das artes menores como a talha, azulejo e ourivesaria, e, sobretudo, as artes maiores através do mecenato a diversos pintores e escultores que vieram de Itália para trabalhar em Lisboa e Mafra. O Palácio-Convento de Mafra, mandado edificar como forma de agradecimento pelo nascimento do seu primeiro filho varão (D. Pedro, Príncipe do Brasil, que morreu em criança), a fachada do Mosteiro de Alcobaça, em 1725, e o Aqueduto das Águas Livres. Foi o período designado por Barroco Joanino. Fundou, ainda, em Roma, a Academia de Portugal. Por tudo isso, ficou conhecido por ‘o Magnânimo’.

D. João V foi o primeiro Rei de Portugal a ter a titularia de ‘Fidelíssimo’, título com que D. João V foi agraciado por S.S. o Papa Bento XIV, em 1747, por todas as provas de Fidelidade ao Papa e à Igreja, passando o Rei de Portugal e os seus sucessores doravante a ter o tratamento de ‘Sua Majestade Fidelíssima’.

Dom João V, faleceu a 31 de Julho de 1750, e jaz sepultado no Mosteiro de São Vicente de Fora, no Panteão dos Bragança.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica
 



Desfazer antigos mitos: o reinado de D. João V

A historiografia oitocentista tudo fez para denegrir este grande monarca, da pena de Oliveira Martins saíram os maiores impropérios em desenhos obscuros de um rei "beato" e "lúbrico". Toda a historiografia positivista deixou traços grotescos do soberano que hoje facilmente se desmentem. Contemporâneo de D. João V, o baiano Sebastião da Rocha Pita, autor da "História da América Portuguesa" (1730), legou a imagem de um rei devoto e generoso, qualidades que a condição exigiam para o exercício do bom governo. As acções personalisticas do rei demonstram mais o seu carácter prático do que a preocupação em construir uma doutrina, a "monarquia absoluta" obscurecida pela pena infiel dos liberais deixará esquecer a grandiosidade da sua política. É verdade, acuse-se, que deixaram de se convocar Cortes a partir de 1720, todavia, o rei concedia audiências públicas três vezes por semana, nas quais atendia não só a nobreza como qualquer concidadão. A protecção das fronteiras e das rotas comerciais com o Oriente e com o Brasil foram sempre a prioridade. Ao longo do século XVIII os vice-reis da Índia foram sempre homens de inegável mérito e, com o impulso da Companhia de Jesus, Portugal construiu uma verdadeira cultura internacional.

O fausto das entradas dos enviados portugueses às cortes europeias ajudou a conquistar a paridade de tratamento com as grandes potências da época. Junto à Santa Sé investiu igualmente a afirmação do reino, com momentos de maior tensão também, valendo a insistência e capacidade diplomática de D. João V para em 1748 lhe ser atribuído o título de "Rei Fidelíssimo".

No quadro das artes e da cultura, ao contrário do que a historiografia positivista proto-republicana alimentou, descobre-se uma verdadeira política artística. Muito do ouro brasileiro foi investido, não em caprichos pessoais, mas em belas colecções de pintura e gravura. Foi o criador da Academia Real da História, o que demonstra o empenho do monarca pela cultura. Na Real Academia ajudou a desenvolver o desenho, a gravura e a impressão em Portugal. As práticas de legitimação da monarquia foram sendo reformulados, desde a disciplina da sociedade de corte, à criação de espaços de representação, como o palácio e Convento de Mafra, onde disponibilizou a mais representativa biblioteca do país, a par com a Biblioteca Joanina, na Universidade de Coimbra. Majestosa e imponente, Mafra é o emblema por excelência do reinado joanino exemplo da política artística perdulária e expoente máximo do barroco. A corte Joanina alcançou assim a preeminência cultural, o reino consolidou a independência e granjeou o respeito internacional ombreando com as potências da época. 

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