No século XVI, Portugal vivia sob as duras regras da Inquisição. O poderoso tribunal religioso julgava, punia, censurava a população, confiscava seus bens e mandava gente para a fogueira. Dentre os hereges perseguidos, estavam os cristãos-novos. Esse era o nome dado para os judeus convertidos ao catolicismo. Eles eram observados de perto, para garantir que cumpriam a sua nova fé. É claro, existia um movimento de resistência.
No Norte de Portugal, num cantinho chamado Mirandela, uma vila na montanhosa região de Trás-os-Montes, os cristão-novos tentavam manter sua fé original escondida – era o que se chamava de criptojudaismo. Um revés para os criptojudaicos é que, na época, todas as casas costumavam ter pendurados no teto os famosos enchidos portugueses: linguiças, chouriços, morcela. O problema: judeus não comem porco. E, consequentemente, seria muito fácil para os informantes da inquisição identificar as famílias sem linguiças.
Reza a lenda que alguém em Mirandela teve a brilhante ideia de inventar uma linguiça enchida com pão, alho, azeite, gordura e carnes de caça ou frango. A tal linguiça diferenciada, pendurada no teto, era o disfarce perfeito para aqueles que não comiam porco. O nome dado para a iguaria: alheira.
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