PALAVRAS À JUVENTUDE, DE ALFREDO PIMENTA

MOCIDADE PORTUGUESA!

Não te deixes seduzir pelos profetas pessimistas e derrotistas que apregoam a tua inquietação, a tua insuficiência ou o teu desvairamento.

Há, efectivamente, muita inquietação, muitíssima insuficiência e em demasia desvairamento - mas não é em ti, ó Mocidade portuguesa que me escutas, presente ou ausente: é naqueles que te acusam de inquieta, insuficiente e desvairada e cerram os olhos para não ver, tapam os ouvidos para não ouvir e espalham nuvens de fumo no espaço, para não viver.

Eles gritam que não tens dirigentes, nem orientadores, nem mestres, nem Doutrina - mas são eles que os não têm. (...)

Mas tu, ó Mocidade portuguesa, se te auscultas com atenção, sentes e sabes bem que a tua consciência tem a iluminá-la a Fé em Deus e a tua inteligência tem a esclarecê-la os ensinamentos da História gloriosa da tua Pátria.

Tu és historicista, ó Mocidade portuguesa, porque sabes que a História não é um túmulo onde repousam múmias, mas sem cadinho onde se tempera o Futuro.

Tu queres saber o que foi, para não apareceres de mãos vazias diante do que há-de ser.

Não te vejo suspensa da corda flácida e elástica das conveniências interesseiras; antes te encontro decidida e corajosa a caminhar confiante para os teus destinos.

Como guia supremo da tua alma, tens Deus da tua alma, tens a Pátria, no seu Passado heróico e no seu Futuro que deve corresponder a esse Passado.

Como Chefe supremo das tuas possibilidades e responsabilidades tens o Rei, símbolo secular da tua Pátria.

A Mocidade que crê em Deus não é inquieta.

A Mocidade que obedece ao Rei não é desvairada.

Deus, Pátria e Rei! - eis a trilogia eterna, o lema eterno, o farol permanentemente incandescente que te orienta, ó Mocidade Portuguesa.

DEUS, PÁTRIA e REI! - três palavras palavras distintas e uma só Verdade indecomponível. (...)

Guia-te, Mocidade portuguesa, por esse lema de oito séculos; não o deixes amputar ou deformar; não toleres que to diminuam ou falsifiquem.

(...) E grita, Mocidade Portuguesa, aos manipansos interesseiros e pérfidos que não tolhem inquietações ou dúvidas que não te embaraçam superstições ou receios porque a tempo e horas ouviste os que te ensinaram a crer em Deus, a crer na Pátria e a crer no Rei!

E quem crê em Deus, na Pátria, e no Rei, sabe o que quer e para onde vai!

Alfredo Pimenta, retirado de "Palavras à Juventude", 1941.

Publicado por Guilherme Koehler no Grupo “A BANDEIRA BRANCA”

Raquel Guedes